quinta-feira, 1 de maio de 2014

Primeiro de Maio: também é dia de luta das mulheres


No Brasil, as mulheres configuram metade da força de trabalho nacional. No entanto, sobre elas recaem as mais pesadas conseqüências da exploração capitalista, como o desemprego ou o emprego precário, a dupla jornada de trabalho, a discriminação profissional e salarial, o assédio constante, a falta de direitos e garantias como creches, licença-maternidade, etc. Portanto, o dia de luta dos trabalhadores é também o dia de luta das mulheres.


Mensagem de 1º de Maio da Pastoral Operária

“E Deus viu tudo o que tinha feito, e tudo era muito bom” (Gn 1,31). Isto Lhe deu prazer. É assim que o trabalho deveria se apresentar ao homem e à mulher. O Primeiro de maio, Dia do trabalhador e da trabalhadora, faz memória das lutas da classe trabalhadora e nos convida a refletir sobre o sentido do trabalho na vida de cada um e cada uma de nós. Perguntamos: sua vida está pautada somente no trabalho ou o fruto deste lhe permite viver outras relações familiares, sociais, fraternais e solidárias?

Na busca do lucro para si, o capital e seus aliados transformam o trabalho, que deve atender à vida na vivência harmoniosa consigo mesmo e com os irmãos e irmãs, em atividade opressora que nega os direitos plenos da pessoa trabalhadora. A cada dia que passa percebem-se situações que demonstram que “se vive para trabalhar”, isto é, “ganhar o pão de cada dia”. A extensa jornada de trabalho ameaça a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras com as doenças ocupacionais, fruto da precarização e terceirização do trabalho que retiram direitos e condições dignas de trabalho.

As preocupações reais da presidenta Dilma para com os brasileiros/as trabalhadores/as, seja no campo ou na cidade, são ainda insuficientes para conter a financeirização da vida, a fome de lucros dos bancos e dos grandes aglomerados industriais.

O baixo salário exige do trabalhador e da trabalhadora dupla jornada, muitas vezes, em empresas diferentes, para cobrir as necessidades da família. Embora o poder aquisitivo do salário mínimo tenha aumentado, nestes últimos anos, ainda está muito longe do que prevê a Constituição Brasileira. De acordo com o DIEESE, seu valor, hoje, deveria ser de R$2.323,21!

O desemprego, principalmente para os jovens, aniquila o sonho da realização profissional ou da estabilidade financeira. A flexibilização do trabalho força a realização de múltiplas funções, destrói as competências e reduz a força de trabalho humano a mera mercadoria e peça da engrenagem lucrativa. A criatividade e o coleguismo são substituídos pelo individualismo e a competição para manter o emprego.

O artifício da terceirização de tarefas, na grande empresa, reduz salários, mantém o trabalho temporário e divide os trabalhadores e trabalhadoras nas lutas por igualdade, salário igual para trabalho igual.

O dia 1o. de maio reafirma a resistência ao desmonte dos direitos ao trabalho digno. Denuncia a violência contra os trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade. Reafirma a importância da unidade nas lutas empreendidas em nome da justiça para todos e todas.

A Igreja, em comunhão com as demais tradições evangélicas e religiosas, estimula a participação política na construção de uma sociedade que respeite a natureza, a cultura dos homens e mulheres que a transformam “com o suor de seu trabalho” (Gn 3,19), garantindo-lhes “a felicidade em poder comer e beber, desfrutando o produto do seu trabalho” (Ecl 2,24).


Como rezamos a cada dia – “O pão nosso de cada dia nos dai hoje” –, queremos reafirmar o compromisso da Igreja com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras, para que, através do trabalho, todos possam chegar a uma melhor qualidade de vida, com o direito à saúde, educação, moradia, lazer, buscando, no seguimento de Jesus de Nazaré, o carpinteiro da Galiléia, a conquista de vida e vida abundante para todos e todas (cf. Jo,10,10), com respeito à natureza, dom de Deus para toda a humanidade.

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