No Brasil, as mulheres configuram metade da força de
trabalho nacional. No entanto, sobre elas recaem as mais pesadas conseqüências
da exploração capitalista, como o desemprego ou o emprego precário, a dupla
jornada de trabalho, a discriminação profissional e salarial, o assédio
constante, a falta de direitos e garantias como creches, licença-maternidade,
etc. Portanto, o dia de luta dos trabalhadores é também o dia de luta das
mulheres.
Mensagem de 1º de Maio da Pastoral Operária
“E Deus viu tudo o que tinha feito, e tudo era muito bom”
(Gn 1,31). Isto Lhe deu prazer. É assim que o trabalho deveria se apresentar ao
homem e à mulher. O Primeiro de maio, Dia do trabalhador e da trabalhadora, faz
memória das lutas da classe trabalhadora e nos convida a refletir sobre o
sentido do trabalho na vida de cada um e cada uma de nós. Perguntamos: sua vida
está pautada somente no trabalho ou o fruto deste lhe permite viver outras
relações familiares, sociais, fraternais e solidárias?
Na busca do lucro para si, o capital e seus aliados
transformam o trabalho, que deve atender à vida na vivência harmoniosa consigo
mesmo e com os irmãos e irmãs, em atividade opressora que nega os direitos
plenos da pessoa trabalhadora. A cada dia que passa percebem-se situações que
demonstram que “se vive para trabalhar”, isto é, “ganhar o pão de cada dia”. A
extensa jornada de trabalho ameaça a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras
com as doenças ocupacionais, fruto da precarização e terceirização do trabalho
que retiram direitos e condições dignas de trabalho.
As preocupações reais da presidenta Dilma para com os brasileiros/as
trabalhadores/as, seja no campo ou na cidade, são ainda insuficientes para
conter a financeirização da vida, a fome de lucros dos bancos e dos grandes
aglomerados industriais.
O baixo salário exige do trabalhador e da trabalhadora dupla
jornada, muitas vezes, em empresas diferentes, para cobrir as necessidades da
família. Embora o poder aquisitivo do salário mínimo tenha aumentado, nestes
últimos anos, ainda está muito longe do que prevê a Constituição Brasileira. De
acordo com o DIEESE, seu valor, hoje, deveria ser de R$2.323,21!
O desemprego, principalmente para os jovens, aniquila o
sonho da realização profissional ou da estabilidade financeira. A
flexibilização do trabalho força a realização de múltiplas funções, destrói as
competências e reduz a força de trabalho humano a mera mercadoria e peça da
engrenagem lucrativa. A criatividade e o coleguismo são substituídos pelo
individualismo e a competição para manter o emprego.
O artifício da terceirização de tarefas, na grande empresa,
reduz salários, mantém o trabalho temporário e divide os trabalhadores e
trabalhadoras nas lutas por igualdade, salário igual para trabalho igual.
O dia 1o. de maio reafirma a resistência ao desmonte dos
direitos ao trabalho digno. Denuncia a violência contra os trabalhadores e
trabalhadoras, do campo e da cidade. Reafirma a importância da unidade nas
lutas empreendidas em nome da justiça para todos e todas.
A Igreja, em comunhão com as demais tradições evangélicas e
religiosas, estimula a participação política na construção de uma sociedade que
respeite a natureza, a cultura dos homens e mulheres que a transformam “com o
suor de seu trabalho” (Gn 3,19), garantindo-lhes “a felicidade em poder comer e
beber, desfrutando o produto do seu trabalho” (Ecl 2,24).
Como rezamos a cada dia – “O pão nosso de cada dia nos dai
hoje” –, queremos reafirmar o compromisso da Igreja com a luta dos
trabalhadores e trabalhadoras, para que, através do trabalho, todos possam
chegar a uma melhor qualidade de vida, com o direito à saúde, educação,
moradia, lazer, buscando, no seguimento de Jesus de Nazaré, o carpinteiro da
Galiléia, a conquista de vida e vida abundante para todos e todas (cf. Jo,10,10),
com respeito à natureza, dom de Deus para toda a humanidade.
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