Não há nada como o machismo do
Carnaval. Porque se tem uma coisa que os caras não entendem é que é possível
você estar ali no meio do bloco e não querer beijar ninguém, e não querer que
nenhum cara encoste em você.
Quatro dias de intensa farra,
liberdade, desprendimento, diversão e fantasia: o Carnaval é o momento mais
esperado do ano por mim e por tantos que eu conheço. Gosto tanto que até criei
uma máxima: "Não há nada como o Carnaval". Mas também não há nada
como o machismo do Carnaval. Porque se tem uma coisa que os caras não entendem
é que é possível você estar ali no meio do bloco e não querer beijar ninguém, e
não querer que nenhum cara encoste em você. "Mas veio pro bloco fazer o
quê?" É o que eu e minhas amigas temos que responder incansáveis vezes,
isso quando eu não preciso usar de força física e empurrá-los pra bem longe
mostrando que não estou afim de contato.
É difícil, e o pior é que eu
sinto que já estou acostumada com essa aporrinhação carnavalesca que, ainda
bem, é minimizada pela sensação de chegar ao final de mais um percurso suada e
muito feliz.
O machismo (infelizmente) impera
no Carnaval. A ideia da liberdade e da folia faz com que muitos homens se achem
no direito de chegar, agarrar e simplesmente beijar uma mulher. Eu pulo
Carnaval há vários anos e é com alivio que sinto uma crescente diminuição
desses ataques mais bruscos, mas ainda assim em 2015 bastava olhar para o lado
e ver alguma mulher se defendendo, chamando os amigos homens ou fingindo que
tem namorado. Eis um outro ponto muito chato: ter que mentir e fingir que estou
acompanhada de outro homem porque só assim o cara vai entender. O respeito não
é para mim e sim para um outro homem, fala sério!
E como lidar com os bêbados? Uma
vez durante um bloco em Cerquilho um cara chegou literalmente puxando o braço de
uma amiga e eu e mais um amigo tivemos que intervir até que ele fosse embora.
Algumas amigas me perguntam se eu não tenho medo de ser agredida.
E a verdade é que na hora minha
revolta é tão grande que supera qualquer temor. Tanta coisa poderia ser diferente.
A começar pela própria mídia que usa o corpo das mulheres (sejam foliãs,
passistas ou rainhas de bateria) pra gerar ibope e clique. Durante a
transmissão das escolas de samba é nítido o enfoque que os cinegrafistas e
fotógrafos dão nas bundas e nos peitos. Sinceramente: qual a necessidade disso?
E todo ano é a mesma coisa: o maior destaque no Carnaval é para as mulheres e
não para a festa em si.
A mudança deveria ser de um todo
e em todos os cenários. Ainda bem que os amigos que pulam carnaval comigo já
sabem que é pra deixar as mulheres em paz e somente se houver interesse de
ambos, ai sim, ai vai com vontade!
Falta um mês para mais uma Festa de Momo, ansiedade
e coração já ansiosos por mais quatro lindos dias de festa na rua, mas espero
francamente que os homens se conscientizem de uma vez por todas a importância
de deixar as meninas em paz!
Fica a dica: Mais vale um folião
sozinho do que um mala nos irritando!
Fonte: Brasil Post
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