Nesta semana, um homem de 22 anos foi preso no norte do país após cortar a língua da esposa durante uma discussão. Outro caso de violência doméstica aconteceu no início deste mês: os padrastos de Sahar Gul, de 15 anos, da província de Baghlan, no norte do país, foram condenados a 10 anos de prisão depois de serem acusados de torturá-la, aparentemente porque ela se recusava a trabalhar como prostituta.
Mesmo após o fim do regime do Talebã, o recente crescimento
no número de mulheres vítimas de violência doméstica voltou a assustar o
Afeganistão.
Nesta semana, um homem de 22 anos foi preso no norte do país
após cortar a língua da esposa durante uma discussão. A agressão ocorreu na casa do casal no vilarejo de Jangory,
na região de Balkh, no norte do Afeganistão.
Policiais identificaram o nome do agressor como Saleh e
afirmaram que a mulher, de apenas de 20 anos, estava grávida de sete meses.
Segundo as autoridades, ela perdeu o bebê por causa do ataque.
Ela foi encaminhada imediatamente a um hospital da região, onde
os médicos de plantão conseguiram reimplantar a língua. Ainda não se sabe,
contudo, se ela poderá voltar a falar.
A jovem, que está sendo tratada em um abrigo para mulheres,
apareceu em uma coletiva de imprensa em Balkh na última quarta-feira com sua mãe
e autoridades locais.
Um repórter da BBC disse que ela estava em choque e não
podia falar, mas que queria "mostrar sua repugnância" ao ocorrido.
Na mesma ocasião, a mãe da vítima disse que Saleh agredia
repetidamente sua filha durante os 12 meses em que eles permaneceram casados.
"Ele já chegou a incendiar o quarto dela, além de
agredi-la por pelo menos três vezes. Os mais velhos, entretanto, diziam que se
tratava de uma típica briga de casal e que não deveriam interferir", disse
ela aos repórteres.
"Da última vez, ele cortou a língua dela e eu percebi
que ele havia ultrapassado todos os limites", acrescentou.
'Pressão mental extrema'
A agressão em Jangory é o episódio mais recente de uma série
de incidentes de violência doméstica que vêm ocorrendo no Afeganistão.
No início deste mês, os padrastos de Sahar Gul, de 15 anos,
da província de Baghlan, no norte do país, foram condenados a 10 anos de prisão
depois de serem acusados de torturá-la, aparentemente porque ela se recusava a
trabalhar como prostituta.
Há duas semanas, duas meninas de 10 e 13 anos se enforcaram
na província central de Ghor depois de serem vistas vestidas como meninos para
que pudessem visitar um vilarejo próximo.
Em algumas partes das zonas rurais do Afeganistão, mulheres
são proibidas de viajar sozinhas ou sair de casa sem permissão. Autoridades
afirmaram que as duas meninas foram submetidas a uma "pressão mental
extrema" de seus parentes por, supostamente, envergonharem suas famílias.
Freba Majidi, responsável pelo escritório de proteção à
mulher na região do Balkh, disse à BBC que ela lida diariamente com vários
casos semelhantes de violência doméstica. Segundo ela, o que rendeu destaque
internacional ao caso de Jangory foi a maneira como a mulher foi atacada.
"Trata-se da primeira vez em que vemos um homem cortar
a língua de sua mulher", disse ela à BBC.
Apesar de a Constituição da era pós-Talebã promulgada no
Afeganistão conferir direitos iguais a homens e mulheres, a ONU estima que a
grande maioria das afegãs já foi submetida a algum tipo de violência doméstica.
Grupos feministas já realizaram seguidos protestos nos
últimos meses para expressar preocupação sobre o fato de que as melhorias
conquistadas até agora nos direitos das mulheres podem sofrer uma reviravolta
com a eventual inclusão de representantes do Talebã em um futuro governo.
Na última quarta-feira, na capital do país, Cabul,
representantes da Rede de Mulheres Afegãs - uma organização nacional de
ativistas feministas - afirmaram estar preocupadas sobre o que poderia
acontecer com as mulheres após a saída das tropas internacionais em 2014.
Elas reivindicaram ao governo uma proteção mais ampla às
estudantes das escolas do país após uma série de misteriosos envenenamentos,
que teriam sido cometidos pelo Talebã.
Fonte: uol noticias
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