Reação. A violência contra a
mulher, a desigualdade, a exploração no trabalho e a desumanização feminina
motivam uma série de protestos pelo mundo, inclusive em cidades do Brasil
Movimento que acontece em 35
países no próximo dia 8 quer denunciar desigualdade de gêneros
Difícil pensar como seria um mundo
sem as mulheres. No Brasil, elas são maioria na população (51,4%) e em postos
de trabalho ligados a saúde, educação e alimentação, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, na próxima quarta-feira, dia
8 de março, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, milhares delas
sairão às ruas para mostrar a maridos, chefes, parentes e amigos como seria um
dia sem a presença do gênero feminino em casa e no local de trabalho. Essa é a
ideia que move a grande Greve Internacional de Mulheres, marcada para acontecer
em pelo menos 35 países, inclusive o Brasil.
A página 8M Brasil no Facebook,
que organiza e divulga o movimento no país, já tem mais de 7.000 curtidas e, de
acordo com a administradora do perfil, Mariana Bastos, o evento mundial servirá
como protesto e denúncia a todas as formas de violência e abusos contra as
mulheres: o feminicídio, a desigualdade, a exploração no trabalho e na
economia, e a desumanização feminina.
Se elas pararem, o país também
para. As mulheres respondem pelo sustento de mais de um terço das famílias
brasileiras (37,3%) e ocupam a maioria dos postos de trabalho em entidades sem
fins lucrativos (55,1%), órgãos da administração pública (58,9%), saúde e
serviços sociais (73,3%), educação (66,6%) e alimentação (57,6%).
De acordo com Mariana, a ideia
foi inspirada diretamente no Dia de Folga das Mulheres, realizado em 1975 na
Islândia, quando 90% delas se recusaram a trabalhar, cozinhar e cuidar das
crianças por um dia para pedir mais igualdade de salários e de direitos.
Dessa vez, o movimento começou a
ganhar força após greves massivas na Argentina e Polônia no final do ano
passado, diante de casos de feminicídio.
Mariana reconhece que será
difícil reproduzir a mesma adesão no Brasil. “Somos um país de dimensões
continentais, onde é muito difícil articular um evento dessa magnitude. Além
disso, no atual contexto de crise, muitas possuem trabalhos precários, estão
vulneráveis e não poderão paralisar as atividades”, afirma. Até agora, 30
cidades já possuem eventos programados para a data.
Participação. A ação é vista como
uma forma de repolitizar o Dia da Mulher e fortalecer o movimento feminista. No
Brasil, os dois focos do movimento são a reforma da Previdência e o combate à
violência. A cada hora, 14 mulheres são agredidas por seus companheiros em
Minas Gerais, segundo o Centro Integrado de Defesa Social (Cinds/PCMG).
“Queremos dar visibilidade ao
trabalho invisível (doméstico) e mostrar que essas tarefas devem ser
valorizadas, sobretudo pelo governo que, ao propor na reforma da Previdência
igualar o tempo de contribuição com os homens, ignora solenemente que a grande
maioria de nós cumpre jornadas duplas de trabalho diariamente”, diz. A pesquisa
Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE em dezembro de 2016, mostra
que as mulheres trabalham 20 horas por semana em casa, o dobro da jornada
doméstica masculina.
Cansada de ouvir do marido que
ela não faz nada, a fotógrafa Maria do Carmo (nome fictício), 29, resolveu
fazer uma greve de uma semana das tarefas domésticas. “Durante a greve, foi o
caos, mas eu mostrei a ele o que acontecia quando eu realmente não fazia nada”,
conta. Ela diz que durante um tempo o marido ficou sem reclamar, mas depois
voltou a cobrá-la.
Eventos marcados pelo Brasil
Trinta cidades aderiram:
RJ: Rio de Janeiro, Macaé e
Petrópolis
MG: Belo Horizonte, Ouro Preto e
Juiz de Fora
SP: São Paulo, Atibaia, Campinas,
Araraquara, Ubatuba
ES: Vitória
PR: Curitiba e Paranaguá
SC: Brusque e Florianópolis
RS: Porto Alegre, São Leopoldo,
Pelotas e Rio Grande
MS: Dourados
GO: Jataí e Goiânia
DF: Brasília
BA: Salvador
PE: Recife
PB: Campina Grande
CE: Quixadá e Sobral
MA: Imperatriz
Fonte: O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário