A cada dia que passa, a mulher vem se tornando a principal responsável pela família. A diversidade de suas tarefas faz com que ela desenvolva um conhecimento mais compreensivo e inclusivo sobre o seu meio ambiente. Esta sua habilidade torna-se um elemento cada vez mais importante para o manejo e recuperação do meio ambiente.
A mulher vivencia mais fortemente a necessidade de definir sua cidadania, procurando o cenário propício para desenvolver sua individualidade. Ao mesmo tempo, luta para proteger aquilo que considera o núcleo fundamental de sua existência: o ar, a água e o solo, aos quais vincula sua vida, seu trabalho, seus sonhos. Essa responsabilidade, somada às dificuldades que afetam a todos, faz com que a mulher seja a primeira a protestar e a agir contra condições de agravamento da degradação ambiental.
Entretanto, não importando quanto seja inventiva e habilidosa, a mulher é, mais freqüentemente que o homem, privada das possibilidades de usar e administrar recursos naturais, frustrando sua capacidade de prover sua sobrevivência diária e neutralizando a contribuição que possa trazer ao manejo ambiental sustentável.
Por suas inumeráveis formas de participação e atividade dentro da sociedade, com forte influência nas decisões das políticas de desenvolvimento, quer direta ou indiretamente, a mulher não pode ficar à margem da causa ambiental. Ela está diretamente relacionada ao meio ambiente e consequentemente ao desenvolvimento sustentável, possuindo papel decisivo na realização das mudanças necessárias para reduzir ou eliminar padrões insustentáveis de consumo e produção, estimular o investimento em atividades produtivas ambientalmente saudáveis e induzir a um desenvolvimento industrial benévolo do ponto de vista ambiental e social, além de desenvolver a consciência dos consumidores e a participação ativa na preservação ambiental. As medidas estratégicas necessárias para uma nova ordem do meio ambiente exigem um método global, multidisciplinar e intersetorial. A participação e a liderança da mulher são fundamentais em todos os aspectos. As políticas de desenvolvimento sustentável que não contenham a participação do homem e da mulher, não conseguirão resultados a longo prazo. A participação mais efetiva da mulher na geração de conhecimentos e na educação ambiental, na adoção de decisões e na gestão em todos os níveis é fundamental. Enquanto a contribuição da mulher não receber reconhecimento e apoio, o desenvolvimento sustentável seguirá sendo um objetivo difícil de ser alcançado.
Felizmente, as experiências e contribuições da mulher a um meio ambiente ecologicamente racional devem ocupar um lugar prioritário no século XXI. De fato, nos últimos anos, vem ocorrendo uma intensa discussão sobre a relação da mulher com a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento de políticas. Essa discussão parte da preocupação de como a mulher está inserida no processo de desenvolvimento, seu papel e suas funções.
A mulher pode, em seu papel de mãe e educadora, fazer entender que somos parte da ecologia, que o ser humano é ecologia e que não temos o direito de usar o mundo como se fôssemos os únicos donos do planeta. Nós não somos donos de nada. Somos simplesmente uma espécie que vive nesse planeta, e essa espécie tem que viver harmoniosamente com outras espécies. Não podemos ser os predadores do planeta. Precisamos cuidar da terra como cuidamos de nossa casa e de nós mesmos: nossa natureza é a própria natureza.
Somos animais, humanos, do gênero feminino. Como animais, podemos sentir, pensar e nos comportar. Como seres humanos, podemos encontrar sentido nessas situações. Mas é como mulheres que podemos realmente cuidar.
*Texto de Eliana Rocha Furtado, engenheira, e, Laiena Ribeiro Teixeira Dib, bióloga, funcionárias da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte.
Um comentário:
Hoje estivemos juntas no Cantinho da Paz, na sede da Pastoral da Mulher - BH. Assistimos ao filme "Bilú e João" (dirigido por Kártia Lund), que é parte da coletânea de curtas metragem "Crianças Invisíveis", uma iniciativa internacional lançada em 2005.
Trata-se da história de duas crianças catadoras de papel. A posição da menina Bilú e seu cuidado com o meio ambiente (mesmo não intencional) nos fizerem pensar o tema "A Mulher e o Meio Ambiente" em três perspectivas: o mundo, a casa, o corpo.
Muito obrigada a todas as pessoas que estavam presentes pela acolhida e pela participação. Também agradeço publicamente a Eliana Rocha Furtado, por me ter convidado a ser sua parceira neste bate-papo tão rico!
Abraços,
Laiena Ribeiro Teixeira Dib.
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