O filme Erin Brockovich ou Uma
Mulher de Talento conta a história de uma mulher mãe solteira de três filhos.
Já quero começar dizendo algo
óbvio e direto: abandono paterno é para além do machismo e de um ideal de
masculinidade nociva, tem impactos na sociedade toda então é problema da
sociedade toda.
Por Stephanie Ribeiro, do Plano
Feminino
Dito isso já escrevi sobre esse
assunto nesse texto, porém quero novamente chamar atenção para essa questão. Já
que mais uma vez se espalha as defesas injustificáveis de abandono paterno com
justificativas sempre rasas, machistas e convenientes: Não julgue a vida
pessoal de alguém.
O problema é que o abandono de um
homem significa uma mulher sobrecarregada que terá sua vida social, financeira,
afetiva, acadêmica e de trabalho, impactadas pelo abandono e uma ou mais
crianças/adolescentes/jovens vão crescer na vulnerabilidade emocional,
financeira e/ou psicológica.
Então isso não é um aborto
paterno, homens que abandonam estão deixando filhos que dependem deles para que
tenham uma vida digna. Um feto abortado não é o mesmo que uma criança viva
negligenciada. Sendo assim, abandono paterno é um problema ESTRUTURAL e não
pessoal.
E digo mais, abandono paterno não
é uma questão de ter ou não dinheiro para cuidar e gerir a vida desse filho.
Homens brancos com recursos financeiros fazem de tudo para pagar valores baixos
de pensão, como fingir que não possuem renda, assim como alguns homens pagam a
pensão e acham que 200 reais servem para sustentar filhos e ainda chamam parceiras de
interesseiras quando elas pedem reajuste de pensão.
Alguns homens acreditam que com
um dia na semana supriram toda a necessidade emocional, psicológica de um filho
e que são ótimos pais. Outros ainda usam esse pouco tempo para alimentar na
cabeça de seus filhos que são bons e suas mães ruins. Portanto, o modelo nocivo
de masculinidade cria um modelo nocivo de paternidade onde homens acham que a
responsabilidade de criação de filhos é total da mulher, mesmo quando eles são
casados.
É comum inclusive muitos pensarem
que a dependência de um filho acaba aos 18 anos, mesmo que ter 18 anos não
represente muita coisa, ainda mais quando filhos ainda estão estudando. A
pensão, por sinal, pode continuar sendo paga até o fim dos estudos, mas nessa
fase, assim como nas outras, estar presente é de extrema relevância pois ainda
existe inúmeras formas de dependência e uma delas é a emocional.
A questão é que é muito fácil
SEMPRE entender e defender o lado do homem nos seus diversos abandonos. Se um
homem abandonou e depois morreu, temos que respeitar o luto antes de falar do
abandono. Se um homem abandonou e depois caiu na miséria, temos que respeitar a
sua condição e não ser duras na crítica. Se um homem abandonou e arrependeu,
temos que compreender seu sofrimento. Se um homem abandonou para ter sucesso na
carreira, temos que louvar seus esforços.
Volver é sobre mulheres da mesma
família lidando com seu passado, assédios, erros e mortes.
Não é difícil ser pai como é
praticamente impossível ser uma mãe com apoio e respeito na nossa sociedade,
então respeitamos homens e odiamos mulheres, mesmo nós mulheres somos educadas
pra pensar assim. É muito fácil não estar presente quando é preciso: trocar a
fralda, dar colo após um pesadelo, fazer café da manhã, ajudar na tarefa do
colégio, lidar com os primeiros relacionamentos e seus fins, impor regras, se
preocupar com a primeira saída à noite, falar sobre drogas, encarar os
primeiros porres, ver sua filha sofrer abuso sexual na tua frente e se sentir
imponente, ver seu filho sofrer com as ofensas em relação a sua sexualidade
etc.
É muito fácil pagar 176 reais de
pensão como Gabriel Povas, filho de Daniela Mercury, paga para Tais Nader que
em uma postagem que virou notícia e denunciou sua hipocrisia:
“Grávida, em repouso, alto risco.
Chega de silêncio? Deve ter gente que acha que minha menina mais velha,
bonitinha, por ser neta de artista famosa ganha uma pensão decente, não é? Pra
ter uma boa vida, como sempre teve. Pois 65% de um salário mínimo é o que o pai
ofertou. É a oferta que o pai fez e eu na justiça, há mais de um ano, tento
reverter. Nada acontece. Pelo contrário, o juiz definiu 20% do salário, deu
menos: R$ 176,00. Nosso judiciário ridículo ou comprado? Lógico que minha filha
não vive com isso. Meus pais me ajudam, eu ralo e nós vamos levando”
Ela ainda fala algo que todos
deveríamos saber: Pagar pensão não acaba com o abandono.
“Tento fazer com que ela não
sofra com este abandono. Sim, isso é um abandono. E, no caso de minha filha,
abandono de toda uma família paterna que é incapaz de perguntar se ela precisa
de algo e sabe de toda esta situação calada, quieta, se valendo do afastamento
proporcionado pela separação. Não falam nada! Além de saber (‘pasmem’) que o
pai está pagando apenas isso de pensão. Todos eles sabem bem que não paga nem
metade do valor da escola que ela estuda. Todos eles sabem que ela custa muito
mais que isso”.
O relato Tais ainda ilumina uma
outra questão ao falar da família paterna que também se mostra ausente, se
tornando cúmplice disso, não se importando que a criança seja criada com esse
valor. Não precisa ter um filho para saber que 176 reais não significa muitos
impactos, porém além da mãe, poucas pessoas se importam nos casos de abandono
paterno com o bem-estar das crianças e geralmente recai sobre a família materna
a necessidade do cuidado, a própria Taís Nader fala disso:
“A menina passa fome? Está sem
roupa? Estuda em escola pública? Claro que não. Sou mais uma mãe do Brasil que
luta com unhas e dentes pra sustentar sua filha. O pior é que tenho certeza de
que eles se omitem porque sabem que eu não deixaria, nem minha família, a
menina sem as coisas. Podem dizer por aí que tem uma netinha bonitinha e bem
amparada pra chamar de família. Sabem que a menina faz inglês, piano, ballet,
natação, viaja. Uma hora destas está por aí sendo exibida como mais um prodígio
musical da família”.
Filme Boyhood que conta a vida
inteira de Mason da infância a juventude, paralelo a isso podemos ir vendo a
vivência de uma mulher mãe solteira quase sem nenhum apoio do ex-parceiro.
Homens que abandonam exibem seus
filhos e alguns são idolatrados por eles, homens que abandonam filhos não são
isolados nem por seus filhos, muito menos pela sociedade. Não há IMPACTO real
na vida de um abandonar, até mesmo o suposto escracho público só vem por parte
mínima da população que identifica essa como sendo uma atitude abusiva,
mesquinha e machista.
“Sim, isso é machismo! É o caso
clássico que acontece com tantas mães, não só comigo: a mãe separou, tem a
guarda e paga a conta. Além da pensão da menina… Sabe roupas, sapatos,
calcinhas, biquíni, prendedor de cabelo…? Passei as notas que gastei. E nestes
quase 3 anos foi R$ 200 que eu consegui que o pai dissesse que pode pagar.
Melhor pra mim ter pena dele. E tenho”.
Discordo de Taís que tem pena,
homens deveriam ser punidos quando optam por ter filhos e não assumir reais
responsabilidades sobre isso. Dos impactos seria o julgamento da sociedade, que
por sinal se nega a fazer isso com o homem. Um dos grandes problemas na hora de
se debater machismo é esse, comportamentos machistas são vistos como normais e
sendo assim atitudes naturais do seres humanos,
homens que não são pais presentes são vistos como humanos comuns que
erram. Esse é um comentário de uma mulher sobre um homem que abandonou filhos
sem pagar pensão e deixou de registrar um deles:
“Quem é o humano que pode julgar
o B.? Algum santo aí? Sabe da vida dele demais? É o primeiro homem a fugir de
pensão? Hipocrisia é julgar leviano! (…) os problemas pessoais dele são COMUNS,
igual a muitos que JULGAM . Cuidado, quem muito julga, muito deve. Triste a
raça hipócrita. Julga como Deus a vida alheia e condena. Sem saber de fato o
que o cara passou. Absurdo o julgamento. Só não sei porque com tanta gente boa
assim, o mundo está uma MERDA! Parece que nunca ninguém se separou, nunca
ninguém teve mais de um relacionamento, brigou por pensão e parece que toda
mulher é santa.”
Lembrando que estamos falando de
um homem que nem sequer registrou um dos filhos, isso é de uma das condutas
mais violentas do pai ausente. O registro é direito básico do ser humano ao
acesso à própria identidade que não acontece quando filhos não tem o nome do
pai no registro e nem direitos legais garantidos. Entretanto, se uma mulher
abandona seus filhos, veja o tipo de comentário que está sujeita:
“eu não alivio, antes da prisão
perpétua da bruxa, deviam deixar ela amarrada naquele mato uns 3 dias sem nada,
só pra ela sentir o que fez um anjinho passar.”
“Não é desculpa problemas
financeiros. E o pai da criança? Se não sabe quem é o pai porque fez sexo
então.”
Esses comentários encontrei numa
matéria que narra a história de uma mãe que abandonou o filho e foi presa por
abandono de incapaz. Agora, as inúmeras notícias que achei ao digitar: Mãe
abandona filho. Não são comparáveis com as que encontrei quando pesquisei: Pai
abandona filho. As primeiras matérias envolvendo pais eram sobre o mesmo caso e
outros links eram textos falando de abandono paterno. O que é possível concluir
é que um homem que vai embora não é visto dentro do código do “abandono de
incapaz”, até a forma como a legislação lida com o homem defende sua conduta,
não a toa, que se estipula com naturalidade que 176 reais é um valor possível
para se criar um filho.
Uma adolescente de 16 anos que
sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pela mãe e
abusada pelo pai , ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor.
Pais, irmãos, filhos, amigos etc.
Estamos simplesmente cercadas de homens negligentes dando pela naturalidade que
achamos que essa conduta não tem a ver com seu caráter. Mentira! É o aval do
abandono de filhos como algo normal que ajuda o homem não ter culpa pelo seus
atos, ou seja, contribuímos para a manutenção dessa opressão e do privilégio
masculino na sociedade.
Amar alguém machista não é motivo
para se silenciar diante de suas atitudes nocivas, essa é a verdade. Afinal,
todos nós conhecemos machistas e agimos de forma machista, estamos sempre
aprendendo. Então, por que em relação abandono paterno poucos querem aprender e
falar sobre? Quando você, que está inserido na sociedade e aceita o fato de um
homem abandonar um filho, automaticamente não aceita uma mulher mãe viver a
vida naturalmente sem que seu filho seja o seu único motivo de existência.
Então você está defendendo o privilégios de homens.
Quando você acha que tem
justificativas diversas para abandono paterno e se esquece que é um problema
que tem 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai no registro, você está
defendendo vários homens que abandonam filhos. Quando um homem é preso por
dever pensão você fica com pena e acha que a mãe foi injusta, você está
defendendo vários homens que não pagam pensão ou acha que só a pensão basta.
Quando um homem que você admira
e/ou seu amigo abandona o filhos e você continua agindo naturalmente com ele
não se preocupando em saber se a saideira paga por ele é um dinheiro a menos
para suprir as necessidades do próprio filho, você está defendendo vários
homens que abandonam filhos.
Se você acha que as mulheres têm
dedo podre e se abriram as pernas então tem que arcar com as consequências,
você está defendendo vários homens que abandonam filhos. Acho que é raríssimo,
dada a estrutura patriarcal que estamos inseridos, que, ao justificar e se
negar a julgar homens que abandonam filhos, não estamos defendendo homens e
deixando de apoiar mulheres e seus filhos.
Então, se você acha que a
subjetividade de um homem é mais importante que a subjetividade de uma mulher e
seus filhos, você pode achar que não, mas está defendendo VÁRIOS homens. O
homem branco se considera e é considerado o ser universal, mas o homem
não-branco não deixa de gozar dos privilégios de gênero mesmo na sua situação
de impactado pela estrutura racista. O fato que fica evidente quando homens
abandonam é que eles têm minimamente subjetividade. Frases como essas se tornam
as principais desculpas:
Ele é imaturo não sabe o que está
fazendo.
Ele não consegue ainda assumir
tantas responsabilidade.
Ele tem problemas para lidar com
essa nova realidade.
Ele não conseguiu dar conta,
entendo e não julgo.
A subjetividade do homem que
abandona está no fato que sua atitude sempre será entendida/ justificada e
mesmo que ele tenha alguma dificuldade concreta em assumir as suas
responsabilidades. Vale lembrar que a história já nos mostrou que mulheres que
passam necessidades, como fome, não deixam seus filhos para trás, Carolina
Maria de Jesus foi um exemplo disso. Lamentavelmente passou fome com os filhos,
um desses de um homem com recursos. Então, como homens dormem sabendo que seus
filhos podem estar passando fome? E mesmo assim se esses filhos estão em
extrema vulnerabilidade, como ainda conseguimos defender tais homens e suas
desculpas corriqueiras?
É fato que a subjetividade de
homens se dá em cima da negação da subjetividade de mulheres. Mulheres que são
mães não podem tomar um suco numa lanchonete na esquina da sua casa que vão
perguntar:
Onde está seu filho?
Como está seu filho?
Cadê seu filho?
Mulheres extremamente julgadas e
isoladas pelos pequenos momentos que tentam se colocar à frente do ideal de
maternidade compulsória. Mulheres que se prostituem se for preciso para
alimentar um filho sozinha. Minha mãe se tornou mãe solteira definitivamente,
já que desde o meu nascimento, três anos, antes meu pai era ausente. Nessa
idade e com duas filhas teve que procurar mais um emprego para “dar conta” de
todas as responsabilidades.
Quando minha irmã nasceu ela
sofreu violência obstétrica e quase morreu pois o médico esqueceu uma das
compressas no seu interior e costurou suas entranhas após o parto. Aonde estava
meu pai enquanto ela achava que iria morrer sofrendo psicologicamente e
emocionalmente sem saber o que tinha até saber do erro médico? Viajando.
Depois que minha irmã nasceu,
médicos descobriram que ela tinha sérios problemas de saúde e precisava
inclusive de cirurgia. Ao longo dos seus primeiros 10 anos foram inúmeros
médicos pagos com os salários dos dois empregos da minha mãe. Um pai que vai
embora e não registra, não paga pensão e nem plano de saúde, então aonde meu pai
estava enquanto minha irmã passava pelas mãos de diversos médicos e
tratamentos? Fazendo outros filhos.
Na escola, em alguns momentos eu
tinha que levar minha certidão e não constava até os 13 anos o sobrenome
paterno, pois meu pai não tinha me registrado, então aonde ele estava?
Provavelmente abandonando mais um filho. Filhos que nunca tiveram uma relação
de irmão comigo. Então percebam que a violência do abandono também é a
violência de ter irmãos que você não tem laços afetivos e não conhece. Tudo isso
porque alguns homens acham que fazer filhos é demarcação de
território/masculinidade como ser um cachorro usando a urina em postes. Saem
por aí então fazendo e deixando um rastro de destruição na vida de mulheres e
filhos. Não é só o dinheiro, mas a dor do abandono.
A questão é que durante uma série
de violências que minha mãe, minha irmã e eu estivemos sujeitas, meu pai estava
vivendo! Vivendo uma vida que minha mãe foi privada por 20 anos. Só depois de
20 anos com filhas criadas e formadas minha mãe está namorando e viajando.
Foram 20 anos trabalhando sem
parar, 20 anos não vendo as filhas pois ficava até a noite no trabalho, 20 anos
sem poder sair sem ter críticas da família, 20 anos de relacionamentos com
homens que gostavam dela mas não do fato dela ter filhos, 20 anos que toda vez
que ela queria sair uma noite diziam que estava sendo uma vagabunda que iria
atrás de homens ao invés de cuidar das filhas, 20 anos escutando que tinha AIDS
da vizinha fofoqueira pois era “mãe solteira”, 20 anos se sujeitando a migalhas
de alguns homens para ter atenção, 20 anos que ela viveu não tendo empatia por
ser mãe solteira, porque mãe solteira não tem que ter tempo para si e para sua
subjetividade. 20 anos!!!
É fato que ela teve apoio
financeiro da família e mesmo assim ela viveu para as filhas. Então, eu
realmente quero saber: Quando vamos apoiar mulheres mães e repudiar homens que
abandonam?
Quando não se isola o agressor,
se isola a vítima. O que nós, enquanto sociedade, precisamos fazer para
imaginar o quão difícil é a vida de mulheres que são abandonadas com seus
filhos e ter empatia e repulsa por esses homens?
Meu pai abandonou minha mãe
grávida da minha irmã, quando eu tinha apenas três anos. Sabe quantas pessoas
deixaram de falar com meu pai no ciclo de amigos dele? Nenhuma. Sabe quantas
pessoas cobraram que ele fosse uma pessoa presente nas nossas vidas? Nenhuma.
Amigos dele inclusive sabiam que eu era filha dele, o que ele tinha feito e
simplesmente lidavam com desdém comigo.
Sabe quantos amigos minha mãe não
fez? Sabe quantas comidas ela deixou de provar porque o dinheiro era contado
para sustentar duas filhas? Sabe quantas mulheres como minha mãe existem por
aí? Os amigos do meu pai foram uma rede de proteção que nunca julgou suas
atitudes enquanto minha mãe era ainda cobrada por eles para educar a gente
corretamente. Se sabemos tão bem julgar e incriminar mães, por que não podemos
usar nossa potência para isolar homens que abandonam filhos da mesma forma que
a sociedade impede, isola e maltrata mães?
Filme Juno em que a personagem é
obrigada a resolver toda a situação da gravidez que não desejava na sua
adolescência.
Fazemos parte de uma rede de
proteção de homens que é mais forte do que imaginamos. Estava na banca de
jornal e vi uma matéria de capa com Yanna Lavigne em que ela dizia não ter medo
de ser mãe solteira. Fui pesquisar e parece que estão cobrando ela ter
terminado o relacionamento estando grávida, então essa moça rebateu as críticas
alegando estarem impondo um modelo machista familiar. Concordo com tudo que ela
disse, só fico desacreditada ao saber que as pessoas mesmo sabendo das notícias
do motivo do término com Bruno Gissoni, têm dificuldade de aceitar ela não
querer estar com ele.
Têm pessoas indo chamar a moça de
egoísta em postagens do Instagram! Queria mesmo que tivéssemos raiva para
boicotarmos homens, mas parece que nem quando o parceiro é um provável estúpido
não é alvo de críticas superagressivas, pois o homem é o único que tem o
DIREITO, segundo a sociedade, de definir o modelo familiar.
Se a mulher escolhe por ela e
pelo seu bem-estar ela é cruel, mesmo que as escolhas dela sejam motivadas pelo
não companheirismo dele. A culpa que a sociedade nos impõe, se materializa
quando somos educadas para criarmos filhos sozinhas e achar isso normal, pois a
culpa do abandono do pai é sempre atribuída à mãe e não a ele. Somos cobradas
por educar, criar os homens e os filhos, temos que ser maduras mesmo quando
muito jovens.
Quando digo que precisamos tratar
homens como esse ódio que já tratamos mulheres, não estou falando de vingança,
sim de reparo social de repensar nossas condutas, de rever porque saímos com
homens que não pagam pensão, porque somos amigos de outros que veem o filho uma
vez por mês e reclamam, por que nossos amigos homens que são pais nunca são
vistos com seus filhos?
Na sociedade onde ainda é
permitido homens agredirem as parceiras, serem abusivos com elas na frente de
seus filhos e irresponsáveis dentro de seus relacionamentos. A gente vai
precisar de muita exposição pública e ódio para nos defender. Porque homens
precisam ser incomodados e tirados do seu lugar de privilégio, onde ser cretino
é normal e natural. Pior, onde eles nunca vivenciam a SOLIDÃO pelo que são.
Só quando homens forem cobrados
de ter a mesma responsabilidade que as mulheres na criação dos filhos, o
abandono paterno será crime hediondo para toda a sociedade.
Stephanie Ribeiro
Stephanie Ribeiro é arquiteta,
escritora e feminista negra. Acredita no papel fundamental da arte, da política
e da cultura no ativismo negro interseccional e a experiência da mulher negra
no mundo. Co-fundadora do Afronta, um site que busca visibilizar a história de
mulher negras e artistas, atualmente se dedica a escrita do seu primeiro livro
pela Cia das Letras.
Fonte: Plano Feminino
Um comentário:
Não admira os homens estarem a abandonar a religião católica. Deixaram a igreja católica e com este papa uma igreja de feministas radicais. Deixaram a mulher mandar sobre o homem. Acho que o que vai acontecer no futuro e já se está a ver em França e em paises do sul da Europa (Espanha) é os homens em converterem-se ao Islão.
Postar um comentário