Jo 13-17 é um processo iniciático
em que os discípulos são inseridos progressivamente em um projeto utópico de
comunidades novas, onde os papéis socialmente predominantes e estruturantes da
sociedade greco-romana são denunciados e subvertidos através de uma
gestualidade que denuncia os papéis opressivos dos senhores e pretende
construir uma relação paritária em uma comunidade chamada no seu conjunto para
assimilar profundamente os ensinamentos do seu mestre.
As competências da professora de
antropologia cultural Adriana Destro e as do professor emérito de história do
cristianismo Mauro Pesce se unem neste livro (La lavanda dei piedi) para
analisar o lava-pés contado pelo Evangelho de João (Jo 13). Gesto reservado aos
escravos e/ou às mulheres, ele não deve ser considerado tanto (ou apenas) como
um gesto de humildade, mas sim como gesto de inversão social de natureza
subversiva.
A reportagem é de Roberto Mela,
publicada no sítio Settimana News, 29-03-2017. A tradução é de Moisés
Sbardelotto.
Realizado por Jesus não no
início, mas durante a ceia, é um gesto fora de lugar e fora do tempo, com o
qual ele assume o papel do escravo para alcançar o ensinamento que não podia
dar de outro modo.
O escravo podia representar e
substituir o seu senhor, enquanto que, para o discípulo, isso não é possível em
relação ao seu mestre.
Jo 13-17 é um processo iniciático
em que os discípulos são inseridos progressivamente em um projeto utópico de
comunidades novas, onde os papéis socialmente predominantes e estruturantes da
sociedade greco-romana são denunciados e subvertidos através de uma
gestualidade que denuncia os papéis opressivos dos senhores e pretende
construir uma relação paritária em uma comunidade chamada no seu conjunto para
assimilar profundamente os ensinamentos do seu mestre.
À gestualidade de Jesus, segue-se
uma instrução com a qual o mestre transmite aos discípulos a mensagem
iniciática sobre o fato de que, aonde Jesus vai, por enquanto, os discípulos
não podem ir e, depois da explicação do gesto, a entrega do mandamento novo do
amor recíproco.
Para os dois autores, não se pode
e não se deve ler o Evangelho abstraindo as realidades materiais das condições
sociais às quais ele se refere, sob pena de fazer uma leitura espiritualista
muitas vezes enganosa e incompleta no sentido de uma contribuição muito válida
oferecida pelas ciências sociais.
Adriana Destro, Mauro Pesce. La
lavanda dei piedi. Significati eversivi di un gesto. Coleção “Lampi”. Bolonha:
EDB, 2017, 112 páginas.
Fonte: Ihu
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